A moeda nacional tem vindo a perder valor em "queda livre" desde as eleições gerais de 24 de Agosto, uma vez que "o governo obrigou o Kwanza a reavaliar" antes das eleições para reduzir os preços dos alimentos, disse o semanário económico Expansão, citando especialistas.
Como as medidas executivas implementadas antes das eleições para também alcançar "uma redução do rácio da dívida pública em relação ao produto interno bruto (PIB)" já não são eficazes, o Kwanza está agora "a desvalorizar e a ajustar-se" à taxa de câmbio real".
Ainda de acordo com a edição de quinta-feira do Expansão, a política cambial lançada em 2018 conduziu a uma forte desvalorização do kwanza face ao dólar e ao euro até 2021, altura em que a descida foi lentamente revertida graças a uma apreciação significativa petróleo nos mercados internacionais.
Com a valorização do petróleo, que ainda representa 95% das exportações do país e mais de 35% do PIB, em meados de 2021 o país viu uma valorização contínua da moeda nacional devido ao fortalecimento do dólar, rendimentos e receitas fiscais.
Perante este cenário, a abundância de divisas a inundar o mercado fez com que o kwanza se valorizasse, permitindo o aumento das importações, reduzindo assim os preços dos bens mais consumidos pela população antes das eleições de 24 de Agosto.
Citando um economista especializado em política monetária, o Expansão explica que se tratou de uma valorização liderada pelo Estado, que é o maior detentor de dólares face ao mercado a descoberto de Angola devido às receitas fiscais do petróleo, pelo que "qualquer intervenção do tesouro tem um efeito directo o curso de câmbio".
O mesmo especialista destaca ainda que se tratou de uma valorização do kwanza “realizada pelo executivo em ano eleitoral não só para reduzir a inflação mas também por uma questão cultural, porque os angolanos pensam que o câmbio só é bom quando o kwanza é apreciado”.