Tudo começou com o que parecia ser um trabalho em Bangkok, na Tailândia, pago em dólares.
Nathália, uma amiga de muitos anos, viu esse anúncio em uma rede social e teve a ideia de que trabalhar em telemarketing no exterior traria uma vida melhor para ela e seus colegas.
Eu também fui atraído para a história. Não achamos que nosso destino final seja o inferno.
Com as passagens em mãos, embarcamos em um voo para São Paulo e, no aeroporto da Tailândia, fomos recebidos por um grupo de empresas que diziam ter contratos. Saímos do aeroporto e fomos levados para um carro que esperava do lado de fora.
Começa uma viagem de 5 horas, com gente que nem sabe inglês. Paramos em uma cidade chamada Mae Sot. Soube depois que íamos para Myanmar, um país pouco conhecido dos birmaneses.
Nathália ligou para os responsáveis da empresa para entender o que estava acontecendo. A resposta é que não devemos nos preocupar, que está tudo bem.
Desde então, uma série de eventos trágicos ocorreram. Os telefones celulares foram proibidos.
Aí nem pensaremos em fugir, porque estaremos no meio do nada, em um lugar onde não conhecemos ninguém, não temos dinheiro e não falamos a língua.
De repente percebemos: somos prisioneiros. Foi quando descemos do carro que passamos por um caminhão que transportava homens armados. Vindo do Rio de Janeiro, procuro manter a calma. Nathalia perdeu as esperanças.